segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Especial Sertanejo


Música sertaneja: Dois momentos de uma história de sucesso

A trajetória de Milionário e José Rico e de Marco e Mário, duas duplas sertanejas associadas à ABRAMUS que são retratos do gênero musical que conquistou o brasileiro há mais de sete décadas.

A música sertaneja surgiu na década de 1920, abençoada pela criatividade de compositores que faziam as clássicas modas, toadas, cateretês entre outros ritmos. Foi designada como música caipira por se tratar de um estilo que valorizava as histórias do povo do campo e seu jeito de viver. Os anos passaram, o gênero caiu no gosto dos brasileiros e ganhou nova roupagem. A pesquisadora Marta Ulhôa divide a história da música sertaneja em três períodos: de 1929 a 1944, como música caipira (a de raiz); 1945 até os anos de 1960, fase de transição, e finalmente dos anos de 1960 até a atualidade como música sertaneja romântica. Tais mudanças, porém, não interferiram na aprovação do público, cada vez mais heterogêneo.
Na estrada desde 1970, quando gravou o disco Matéria Paga, a dupla Milionário e José Rico contribuiu para a projeção da música e trouxe novos elementos para agradar a todos os ouvidos. "Misturamos guarânia, polca, rancheira e bolero, ou seja, de tudo um pouco", conta Milionário. O começo de carreira da dupla não foi fácil. Tanto que paralelo ao trabalho como cantores, eles tiveram que desempenhar outras funções para ganhar a vida.
Milionário, cujo nome civil é Romeu Januário de Matos, foi pedreiro, garçom e pintor. Enquanto que o José Rico, José Rico Alves dos Santos, jogador em um time inexpressível. As dificuldades fizeram com que eles chegassem a considerar a chance de encerrar a carreira de forma breve. Mas mantiveram-se firmes. "Qualquer um grava hoje, apesar de que precisa ter talento para estourar. Mas quando começamos era mais complicado", conta José Rico.
Três anos depois do lançamento do primeiro disco, a dupla foi contratada pela Continental/Chantecler. O segundo trabalho foi gravado em 1975, mas o sucesso só foi alcançado em 1977, com Livro da Vida. En travam assim, para a galeria dos grandes nomes da música brasileira. Quem não se lembra de Estrada da Vida? A música, até hoje é pedida em apresentações da dupla e virou trilha sonora de boa parte dos fãs.
Segundo Milionário sua inspiração musical veio da mãe. Foi vendo-a cantar que ele aprendeu as primeiras notas. E José Rico, não tem dúvidas, foi o gosto pela música entoada por duplas como Tião Carreiro e Pardinho, Pedro Bento e Zé da Estrada, entre tantos outros, que ele foi desenvolvendo seu tom vocal. Entre as conquistas protagonizadas pelos dois está uma apresentação inesquecível na China, lá nos idos de 1986, ou seja no auge da carreira. "Fomos convidados pelo primeiro ministro do país, para um intercâmbio cultural e levamos nossa mensagem para o outro lado do globo", declara Milionário.
Em 1991 os milhares de fãs foram pegos de surpresa. A dupla Milionário e José Rico resolveu parar de cantar. O motivo? Estavam cansados da carreira. O período sabático durou três anos, tempo em que cada um seguiu um caminho. Milionário chegou a gravar com outros compositores e José Rico, fez álbum solo. Novamente juntos, eles voltaram a brilhar e mantém a trajetória, lotando os shows pelas cidades onde passam. "O importante mesmo, é que o que criamos é tão único, que não faz diferença cantar para 10 ou para 100 mil", avalia José Rico. Prestes a completar 40 anos de estrada, eles contabilizam 27 álbuns gravados, dois filmes (Estrada da Vida e Sonhei com Você) e o comando de um programa de televisão, em 1989, no SBT.



Nova geração
Inspirados por grandes ícones da música sertaneja, os irmãos Marco e Mário, começaram a cantar juntos há cinco anos. Como os pioneiros, Milionário e José Rico, eles não tiveram um início de carreira fácil. Começaram tocando em bares e boates, com outras bandas, em empresas, enfim, iam para todos os lugares onde eram chamados. O talento dos jovens de Uberlândia acabou se propagando através do boca a boca além da fronteira do Triângulo Mineiro. "A música sertaneja sempre foi nosso estilo preferencial. Crescemos ouvindo esse tipo de música. É da nossa raiz", explica Marco.
Com poucos recursos, eles gravaram o primeiro trabalho na raça. O CD sequer foi distribuído nas lojas. O ganha-pão era graças aos shows, que não faltavam. A fama dos irmãos Marco Aurélio e Luiz Mário de Abreu e Freitas acabou chamando a atenção da gravadora Sony Music que enviou profissionais para assistirem uma apresentação da dupla em Minas. Há cerca de 4 meses eles assinaram contrato com a gravadora, onde lançaram o CD Marco e Mário ao Vivo.
O público que comparece ao show dos irmãos também está aumentando. "Em Patos de Minas tivemos 5 mil pessoas, depois esse número subiu para 20 mil em Camaru e 30 mil em Uberlândia", explica Marco que diz que está vivendo um sonho. Segundo ele, a música Flecha do Cupido - música de trabalho do CD homônimo - está tocando nas rádios de todo o país. Agora eles estão a mil, rodando em turnê pelo país. Segundo ele, a música que fazem é um sucesso por ser uma junção da sertaneja tradicional, com a romântica e a universitária.
Um detalhe que Marco faz questão de lembrar é que ao contrário do dito popular, santo de casa faz milagre, sim. "Somos a primeira dupla sertaneja de filhos de Uberlândia a estourar em nossa terra. O Bruno e Marrone estouraram aqui, mas são de fora, assim como o Victor e o Leo", observa Marco. E quanto ao futuro? Bem por hora eles vão trabalhar na divulgação do trabalho e na próxima música do novo álbum que vão divulgar ‘Marvada Pinga’ (Zenaide). "A letra conta a história de um homem que trocou a mulher pela cachaça", finaliza Marco. (Assessoria de Imprensa - ABRAMUS - Ana Beatriz)





Mais um sucesso de Gino e Geno

Geraldo Alves dos Santos, o Geno, nasceu em Pedra do Indaiá, interior mineiro; Gino, Sebastião Ribeiro de Almeida, nasceu em Itapecerica, também no interior de Minas Geraes. Aos 9 anos compôs sua primeira música 'Em Maio faz 4 anos'. Essa dupla faz sucesso há décadas e é considerada por muitos como um grande marco da música sertaneja.
Não há como negar. A dupla GINO & GENO está entre as mais populares do Brasil. Com 39 anos de bem sucedida trajetória, os cantores lançam pela EMI seu 23º disco, PODE CHAMAR NÓIS que, a exemplo dos outros lançados pelos cantores, se caracteriza pelos temas bem humorados.
O repertório do novo CD PODE CHAMAR NÓIS abre com Tô Voltando (Rick), batidão country que fala de um homem apaixonado que retorna para os braços da amada. Com Dinheiro é Mole (Kadu Ferraz/Rick) é um divertido sambanejo, com letra gostosamente maliciosa. Só Dou Amor (Kadu Ferraz/ Rick) é outro sambanejo, que trata na letra sobre a vantagem do verdadeiro amor sobre o dinheiro. A faixa título, Pode Chamar Nóis (Rick), autêntico 'limpa banco', tem como tema a festa, a farra. Aliás, falou em festa, é com eles! GINO & GENO não negam fogo. Enche a Cara e Chora (Rick), vanerão sambado dos bons, traz como mote a tristeza que a dor da partida causa. Outro Porre (Rick) é uma vanera que tem como tema a solidão.A balada Sina (Rick/Alexandre), como o próprio título diz, tem como mote o destino do homem simples. A letra é belíssima e a melodia, extremamente envolvente.
O sambanejo volta a dar o tom no divertido Tá No Papo (Kadu Ferraz/Rick), com refrão daqueles que grudam fácil no ouvido e que tem tudo para se tornar sucesso. O assunto aqui é a artimanha para se conquistar um grande amor. Quem Te Ligou (Rick) é outro 'limpa banco', que fala de saudade e solidão. Aí é Só Bebendo (Kadu Ferraz/Rick) é um vanerão sambado que traz como mote o fato de que para suportar certas coisas, só tomando uma... É sucesso na certa! Tá Na Mão (Kadu Ferraz/Rick) é outro vanerão sambado com letra gostosamente maliciosa, que vai pegar fácil, fácil. O country pop Fica Nervoso Não (Jorge Moisés) tem até toques de hip hop e letra bem humorada, que fala do quão inútil é esquentar a cabeça com certos dissabores. Fechando a festa, o sambanejo Cachaceiro (Eduardo Costa/Chico Amado/Alex), que esclarece de uma vez por todas a diferença entre quem produz e quem consome uma branquinha...
PODE CHAMAR NÓIS é produzido por Rick (da dupla com Renner), fã assumido de GINO & GENO, e que vem assinando os discos recentes da dupla. GINO & GENO cantam a alegria, a simplicidade, e o fazem como poucos. Não é à toa que estão na estrada há 39 anos. Só a verdade se sustenta tanto tempo. (Asessoria de Imprensa)




terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ricthie de volta


"Outra Vez - Ao vivo no estúdio"

É o primeiro, lançamento, ao vivo do cantor e compositor Ritchie, celebrando 26 anos de carreira. O CD, DVD e Blu-ray - primeiro Blu-ray nacional de artista individual - traz hits com releituras, além de duas músicas inéditas - a canção título, "Outra Vez" fruto da primeira parceria com Arnaldo Antunes e "Cidade Tatuada" com letra de Fausto Nilo. Ritchie que sempre teve olhar voltado para o futuro, resolveu comemorar com retrospectiva ao vivo, conciliando com o lançamento da Edição Comemorativa de 25 Anos de "Voo de Coração", seu primeiro disco pela Sony Music.
Do disco de estréia, "Voo de Coração" de 1983, foi regravada "Menina Veneno", "Pelo Interfone", "Casanova", "Voo de Coração" e "A Vida tem Dessas Coisas". Do segundo disco, "E a Vida Continua", Ritchie detonou com "A Mulher Invisível" e "Só Pra o Vento". Do seu terceiro LP, "Circular", de 85, aparece "Nesse Avião". As baladas "Transas" e "Loucura e Mágica" são do disco homônimo de 87. "Lágrima Demais" pinçada do último disco de inéditas, "Auto-Fidelidade", de 2002. Para as releituras Ritchie regravou "Fala" - sua participação no disco tributo aos Secos e Molhados de 2003. Em "Shy Moon" cantada originalmente em dueto com Caetano Veloso, no seu disco "Velô" de 84, Ritchie criou novo arranjo. Outra regravação especial é "Mercy Street", de Peter Gabriel, onde Ritchie emprestou sua voz na época, para a trilha da mini-série da Rede Globo "O Sorriso do Lagarto".
O diretor de cinema, Paulo Henrique Fontenelle é responsável pelas imagens em alta-resolução (FullHD 1080p) e acrescentou aos extras, do DVD, o documentário, "A Vida Tem Dessas Coisas", contando a trajetória do artista desde criança até hoje. Há depoimentos de novos e antigos parceiros - Bernardo Vilhena, Lobão, Arnaldo Antunes, Lauro Salazar e Steve Hackett, entre outros. O "Making of", foi dirigido por Bernardo Mendonça sobre os bastidores da gravação. Outra novidade é a estréia do selo do artista, PopSongs que é responsável pela produção, em parceria com o Canal Brasil e Estúdios Visom Digital.
Richard David Court nasceu em 6 de março de 1952 no Beckenham, no condado de Kent, no Sul da Inglaterra. Morou em diversos países como Quênia, Dinamarca, Itália, Alemanha e Escócia, além de várias localidades da Inglaterra. Em 1972 conhece em Londres um grupo de brasileiros, alguns integrantes dos Mutantes, que o convencem a vir para o Brasil. Se fixa, a princípio, em São Paulo onde monta a banda Scaladácida. Com a dissolução da banda, no final de 1973, muda-se para o Rio de Janeiro com a mulher, a arquiteta e estilista carioca Leda Zuccarelli. No Rio de Janeiro passa a dar aulas de inglês para vários artistas. Participa de várias bandas como flautista e vocalista, exemplo de 'A Barca do Sol' durante dois anos, até começar a atuar como cantor no grupo Vímana. Em entrevista exclusiva em seu apartamento, no Rio de Janeiro, pudemos saber um pouco dessa história.

Reportagem e fotos por Elias Nogueira

Canções novas
"Outra Vez", minha primeira parceria com Arnaldo Antunes e "Cidade Tatuada", com letra de Fausto Nilo. Com Arnaldo foi uma delicia! Conhecia dos bastidores e sempre foi muito querido e gentil, sempre que posso vejo seus shows. Tinha feito uma música com notas espaças. Para fazer a letra tinha que ser uma pessoa de muita habilidade com as palavras! O Arnaldo é um malabarista das palavras e era isso que eu que ia. Ele foi perfeito para esta música. O Dadi (Carvalho) havia me falado que ele era muito ocupado e demorava muito a responder - até um ano. Mandei meses antes de fazer o disco e ele me respondeu em 24 horas. Foi combustão espontânea. O Fausto é urbanista arquiteto de Fortaleza e um tremendo letrista, vários já gravaram suas músicas. Ele veio aqui em casa, ficou olhando as pinturas de minha filha que faz umas intervenções urbanas. A conversa fluiu com a idéia do grafite moderno. Ninguém paga para ouvir música - a idéia foi essa, um paradigma.

Mercy Street
Era a canção de abertura do seriado 'Sorriso do Lagarto' que se transformou num pequeno sucesso e agrada ao público em geral. Peter Gabriel, autor da música, liberou para mim! Temos muitas identificações musicais até porque, somos britânicos. Na gravação da trilha do seriado da Globo a voz era a minha.

Projeto
Produzi junto com o Carlão (Carlos Andrade), o mesmo que produziu 'Voo do Coração" na Som Livre. Ele é um parceirão!
Ao vivo dentro do estúdio
Tínhamos uma noite para gravar e a estrutura logística estava amarrada. Um disco ao vivo teria um custos em torno de um milhão de reais e nós gastamos menos de cem mil. Sem o Carlão oferecendo o estúdio, sem o Canal Brasil dando visibilidade, estrutura e pagando a conta, nada teria acontecido.

Primeiro contato com músicos brasileiros em Londres
Este encontro foi muito casual e importante, foi o que fez com que eu viesse para o Brasil. No verão de 1972 - Liminha, Rita Lee e a Lúcia Turnbull estavam comprando um Melotron para o Arnaldo Baptista, em Londres. Nos encontramos por acaso. Nunca tinha ouvido falar deles, mal tinha ouvido falar do Brasil. Nomorei a Lucia, que levou a Rita e o Liminha para o estúdio onde eu estava gravando. Acabamos amigos e dessa loucura toda surgiu o convite para visitá-los no Brasil - convite de brasileiro "Quando você for ao Brasil pinta lá em casa". Eu tinha um dinheirinho guardado, presente de aniversário, comprei as passagens de ida e volta para o Brasil. Fiquei hospedado na casa de minha namorada, Lucinha. Quando cheguei ao Brasil pude ver que os Mutantes eram maiores do que imaginava, acabei virando fã deles. Eles me indicaram uma banda em São Paulo que acabou sendo batizada de Scaladácida. Cheguei a retornar para Londres e conheci minha atual mulher, que me convenceu a voltar para o Brasil, acreditando que meu futuro estava lá. Aquele encontro casual com os Mutantes mudou minha vida!

Soma e A Barca do Sol
- Participei das duas bandas. No Soma sei que teve uma gravação no MAM (Museu de Arte Moderna), num evento dos diretos humanos, aquele que o Chico Buarque subiu no palco e só o público cantou. Isso em 1973/74. Fiz poucos shows, mas este evento foi registrado em disco. Estava querendo me entrosar com a música brasileira. Sabia que tinha um grupo chamado A Barca do Sol e que estavam procurando um flautista. Fiquei na banda entre o primeiro e o segundo disco, nem cheguei a gravar, logo fui expulso do grupo. Na verdade eu não sou flautista de ler partitura. Queria ser cantor, mas como eu cantava mal em português, tive que me segurar com a flauta. Tomei aulas com Paulo Moura, mas nunca fui instrumentista virtuoso, sou cantor.

Vímana
- No mesmo período Lulu Santos e Luís Paulo tinham uma banda chamada Vímana junto com Fernando Gama e o Candinho, que estavam saindo do grupo brigados com o Lulu. O Luís Paulo e Lulu haviam assistido eu cantar no Scaladácida num show que abrimos para a volta de a Bolha, aqui no Rio. Fui convidado para o Vímana. Inicialmente eram sete ou oito músicas cantadas em inglês e algumas em português. O Lulu não cantava muito, ele se dedicava mais aos solos de guitarra. Era uma banda muito rococó, muito progressiva e de muito improviso. Quando integrei o grupo, o Lobão entrou logo depois e acabamos acompanhando Marília Pêra numa peça (Monólogo), onde éramos a banda de apoio. O Vímana acabou quando o Patrick Moraes "O anjo da morte" veio - foi como ele ficou conhecido. O Patrick bagunçou nossa estabilidade. O fato é que ele queria estar no Brasil, ensaiar com uma banda competente, que fizesse seu gênero. Acabou nos prometendo uma turnê pela Europa e tudo mais! O Lulu contestou muito, de outro lado eu achava uma oportunidade tocar com nosso ídolo e isso gerou briga. O Vímana acabou quando o Lulu saiu da banda e nós continuamos tocando com Patrick por mais um ano. Valeu como aprendizado, mas criou uma mágoa enorme no Lulu.

Antes do sucesso
Depois disso fui para Londres trabalhar com o Jim Capaldi, cheguei a fazer a co-produção do disco dele em 1980. Depois que o Trafic se desdez, Jim veio morar no Brasil, e casou-se com uma brasileira. Na época eu tinha um gravador de rolo que o irmão do Serginho Dias (Mutantes), o Cláudio Dias Baptista, tinha modificado para eu fazer um multi-track - que era uma novidade. Chegamos a fazer várias demos juntos. O Jim mostrou estas gravações em Londres e me mandaram as passagens. Fiquei lá quatro meses gravando o disco "Let the Thunder Cry" (1981).

Menina veneno
Sonhei e acordei com a música na minha mente. Gravei uma demo com o Liminha (em 82). Bernardo Vilhena já era meu parceiro desde os tempos do Vímana, era ele quem fazia as traduções do inglês para português das músicas. Liminha mostrou para o André Midani ou para alguém da Warner que não gostou. O Mayrton Bahia fez a mesma coisa na EMI. O Carlão mostrou para o pessoal da Som Livre. Gravamos no porão da Warner. O vocal de "Voo do coração" foi feito no banheiro, com o guitarrista Steve Hackett do Gênesis, Liminha no baixo - ninguém se interessou. Fernando Adour que produtor musical, arranjador que trabalha com monstros sagrados da música, foi ao estúdio ouviu e disse que a CBS, estava querendo um artista de rock e achou que o produto se encaixava. No dia seguinte Cláudio Conde da CBS me telefonou me convidando a ir na gravadora - fui contratado. Mesmo assim não foi de imediato, a reação inicial no Rio e SP foi negativa, eles achavam que a música era uma porcaria e não ia acontecer. Gravaram uma fita de rolo e mandaram para o Nordeste. Três dias depois, eu estava no escritório do Cláudio Conde quando um representante da grava dora em Recife telefonou e o Cláudio colocou a ligação em viva-voz para todos ouvirem. O cara estava desesperado pedindo um compacto porque estava uma loucura, a música era tocada quatorze vezes por dia em todas as rádios. Imprimiram uma capa para o compacto e chegou a vender 500 mil cópias em três semanas,

Roberto Carlos
Acontece que naquele ano o Roberto Carlos fez um disco aquém de suas expectativas, foi um dos primeiros discos dele que não chegou à marca de um milhão de cópias. Começaram a dizer que o Ritchie era o novo Roberto Carlos e era uma coisa muito incômoda, criou mal estar dentro da gravadora. Já no segundo disco perdi todo o apoio que tinha, ficou tudo mais difícil. Cheguei a fazer três discos, meu contrato era para quatro, mas o clima tinha ficado tão chato que não estavam trabalhando mais os meus lançamento. Pedi demissão e eles ficaram me devendo o quarto disco. Quinze dias depois eu estava em primeiro lugar com "Transas", na Polygram. O Tim Maia lançou este petardo dizendo que foi o Roberto Carlos que me derrubou, na revista Veja. Não acredio. Hoje, Roberto Carlos me chama para o camarim, me trata muito bem e até me beija! É uma pessoa que me trata com muita elegância e sempre me chama para tirar foto com ele. A Wanderléa uma vez me falou que o Roberto quase furava meu disco de tanto escutar. No período que eu fiquei na Polygram passaram três diretores. Veio o plano Collor, e o meu diretor artístico, Mariozinho Rocha, saiu e foi para TV Globo.

Erasmo Carlos
- Fiz uma música com ele "Onde que Eu Errei?"- saiu no disco "Auto Fidelidade". Foi uma honra

Tigres de Bengala
É um disco de músicos de primeira linha:Vinicius Cantuária, Dadi Carvalho, eu, Billi Forgheri, Cláudio Zoli e Mu Carvalho. O projeto foi muito audacioso e as nossas afinidades musicais não permitiam uma simbiose melhor, faltou cola. Cada um tinha suas vertentes musicais diferentes. Quando o disco ficou pronto era quase que exclusivamente de composições minhas e do Vinícius Cantuária. Éramos os mais dedicados no projeto, os demais deixavam de comparecer com freqüência aos ensaios. Era complicado arregimentar todos de uma só vez, uns participavam mais do que os outros. E quando chegávamos com as músicas prontas, os outros reclamavam que gostariam de ter participado mais do disco. Tínhamos um disco para fazer e alguém tinha que fazer as músicas, eles não compareceram. Enquanto que eu e o Vinícius nos encontrávamos diariamente e as músicas saiam naturalmente. Foi muita indiferença da gravadora - o disco foi remixado umas oito vezes, à revelia da banda. Quando ouvimos estava completamente diferente do que tínhamos feito. Eles gastaram uma fortuna para promover uma festa, que na deveria promover o disco. Usaram para fazer promoção da gravadora e não sobrou nada para poder levar o projeto adiante.